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O projeto estético da Gera‡Æo de Orpheu tende por vezes a obter mais relevo na produ‡Æo acadêmica do que o seu projeto político. Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro pertencem ambos a um tempo histórico cioso de inscrever-se na contramÆo de uma certa tradi‡Æo oitocentista que pusera a sua arte a servi‡o do nacional. Com efeito, se as vanguardas negam a tradi‡Æo no seu anseio de inscrever o novo, é preciso nÆo esquecer que "o velho" lá permanece, ainda que em ecos, em cacos, em metamorfoses. Li‡äes do Esfinge Gorda aposta portanto na ideia de um projeto político proposto pelos de Orpheu; projeto que nÆo nega exatamente os imperativos educacionais da gera‡Æo anterior mas os denega, os problematiza, os reconfigura, inscrevendo-se como uma espécie de pedagogia às avessas. Mário de Sá-Carneiro, ao trazer à baila uma série de temas tabu tais como o suicídio, o homoerotismo e a femme fatale, contrubuíra, a seu modo, para a renova‡Æo das consciências num período de grandes revolu‡äes artísticas como o início do século XX.

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Rafael Santana é Professor Adjunto de Literatura Portuguesa da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Doutor pela mesma universidade, com tese sobre a prosa e a correspondência literária de Mário de Sá-Carneiro. Seus campos de atua‡Æo incidem sobretudo no Decadentismo, no Modernismo e nos ecos do fim de século na literatura contemporânea.

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