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O processo de feitura de 104 pe‡as de cerâmica, tendo como referência a cabe‡a de um manequim outrora descartado, permitiu que artista e matéria entrassem em contato e criassem uma rela‡Æo de convívio e intimidade. A a‡Æo de reciclar a argila, amassar e modelar o barro, pintar e queimar as pe‡as suscitou reflexäes, percep‡äes, angústias e inquieta‡äes frente ao lugar de esvaziamento e coisifica‡Æo ocupado pelos seres humanos, junto aos objetos, na sociedade capitalista. Enquanto pessoas sÆo esvaziadas, objetificadas e perdem sua identidade, objetos sÆo humanizados e parecem ganhar vida. Ambos disputam o mesmo espa‡o, travam uma luta de igual para igual, se mesclam, alternam o lugar que ocupam conforme o valor que lhes sÆo concedidos. Sendo assim, através da repeti‡Æo de atos construtivos e da ressignifica‡Æo de objetos descartados, propäem-se com esta pesquisa plástica e poética um novo olhar e um novo lugar para o que se tornou apenas resíduo e que, desta forma, passa agora a compartilhar um tempo de produ‡Æo que possui outra lógica - diferente da lógica do capitalismo - e constitui-se como tempo de constru‡Æo, reflexÆo, possibilidade, ressignifica‡Æo e de contato.

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1¦ autora: Eugênia Maria Fran‡a - Bacharel em Artes Plásticas, Escola Guignard UEMG/BH-MG; Servi‡o Social, PUC/BH-MG; Especialista Terapia Sistêmica, Holon Espa‡o Dinâmico/BH-MG.2¦ autora: Maria Betânia Silveira - Mestre em Artes Visuais, ECA/USP; Doutora em Teatro,CEART/UDESC.

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