---

O Morgado de Mateus, nomeado para restaurar a capitania de SÆo Paulo na segunda metade do século XVIII, é ora autor, ora interlocutor da Coroa Portuguesa, personificada pelo Marquês de Pombal. A rigorosa organiza‡Æo administrativa e arquivística desse Governador e CapitÆo-General permite que tenhamos acesso tanto aos documentos oficiais, que ele produzia em sua Secretaria, quanto aos que ele recebia de Portugal. Além do rico conteúdo histórico e cultural, esses manuscritos possibilitam análises filológicas apoiadas em ciências como a Codicologia, a Crítica Textual, a Diplomática e a Paleografia. Associada a isso, a observa‡Æo de ordem linguística desnuda as estratégias discursivas empregadas por aqueles autores para alcan‡arem os seus objetivos. É certo que a hierarquia social do Antigo Regime e o emprego da linguagem formulaica convencional fazem parte da estrutura dos documentos. No entanto, isso nÆo impede que os textos estejam carregados de marcas valorativas, pelas quais se pode reconstruir a visÆo de mundo de seus autores e, em última instância, a ideologia do período colonial brasileiro.

---

Pós-Doutoranda em Linguística, Doutora e Mestre em Filologia e Língua Portuguesa pela Universidade de SÆo Paulo. Atua com Forma‡Æo de Professores e como docente do Ensino Superior, em cursos de Gradua‡Æo e de Pós-Gradua‡Æo, ministrando disciplinas relacionadas à metodologia científica e à comunica‡Æo oral e escrita.

---