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O projeto literário de António Lobo Antunes engloba, entre as muitas peculiaridades de sua técnica romanesca, a produ‡Æo de sentidos ficcionais que questionam a linearidade temporal, o significado do "eu" e os múltiplos planos memorialísticos, incluído suas patologias e limita‡äes. O estilha‡ar das alteridades dos sujeitos ficcionais se expressa em uma textualidade ambígua, consoante às mais recentes visäes formuladas sobre a identidade humana, a qual se revela fragmentada e em contínuas reformula‡äes. O propósito do estudo é analisar, nos romances Eu hei-de amar uma pedra e Ontem nÆo te vi em Babilónia, a forma como a organiza‡Æo do tempo, as concep‡äes de sujeito, o trabalho de representa‡Æo da memória e as estratégias de esquecimento estÆo articulados nesses textos. Os romances, objetos de nosso estudo, sÆo colocados em um plano plural e ambivalente, pois veiculam um discurso que revela a degrada‡Æo e as ruínas morais das personagens, a flagela‡Æo do indivíduo, em suas íntimas peculiaridades, frente às angústias da existência.

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Prevedello, Tatiana
Doutora em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pelo Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Letras Universidade de Lisboa (2014). Dedica-se ao estudo da hermenêutica da escrita, direcionado, sobretudo, ao trabalho filosófico de Paul Ricoeur e às rela‡äes entre tempo, alteridade, memória, história e mimese na Literatura.

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